No busão com Arctic

No ônibus, quebrando as regras estabelecidas por mim mesmo de não ouvir música mais alto que no 24, estava eu sentada, debilitando irreverssivelmente meus tímpanos com arctic monkeys no 32. Mas vamos ao assunto: Whatever People Say I Am, That’s What I’m Not,  segundo melhor álbum da primeira década do século XXI (o primeiro lugar é ocupado por  Is This It –The Strokes, mas isso discutiremos em outro momento).  Vou falar só das minhas músicas preferidas porque não tenho saco pra analisar o cd todo, e também porque sou bastante leiga tratando-se de música profundamente.

From the Ritz to the Rubble – o alex começa a falar, e o instrumental, que entra depois dessa introdução seca se adequa ao ritmo do alex, e não o vocal que se adequa ao instrumental. Isso pode ser simples, mas pra mim é a maior sacada da música. Dá um tom de desleixo que me arrepia. A letra começa a narrar a história de um cara que sai à noite e é barrado por um segurança. Mesclando os pensamentos desse personagem com os a própria narrativa, a música cria uma tensão condizente com a situação retratada na letra, tensão que consegue ser atingida justamente através do efeito que eu já descrevi, o que se mantém durante toda a música. Minha preferida de todos os álbuns.

When the Sun Goes Down – conhecida como scummy por alguns, é outra música do arctic que tem uma introdução linda, calma, e que também tem relação direta com o que é dito na letra. Descrevendo uma garota inacessível, que “não dá recibo”, e um cara “imprestável” que, provavelmente não tem a mínima chance com a primeira. Mas logo que essa introdução acaba e a bateria incrível do Matthew Helders  entra em ação, o quadro da história muda, e esse garoto supostamente impotente começa a planejar, mudar e até “sentimos algo no estômago”. Assim, como they said it changes when the sun goes down,   she’s in the stance ready to get picked up  por um plano sujo. Essa daqui me lembra meu primeiro ano do colégio HAHA.

A Certain Romance – essa é indiscutivelmente a melhor música deles, não que seja minha favorita, mas é a melhor. E novamente os caras arregaçam com uma introdução simplesmente genial. A bateria inicia de modo rápido e raivoso, e logo em seguida a guitarra e os pratos acrescentam e fortificam mais esse clima de desespero criado. Do nada essa tensão é completamente desconstruído pela súbita ausencia da bateria e por uma guitarra romantica, que, pra mim, remete ao sentimento pós raiva, que é o da tristeza, ou seja, os caras conseguiram transpor os sentimentos de uma pessoa em crise raivosa numa música. Logo em seguida  certa estabilidade é alcançada e o alexcomeça a cantar e a interpretar  um eu-lírico que diz não existir mais romance entre dois dos seus amigos, que o cara age como um idiota e que você deveria ir lá e dizer pra eles que ali não existe amor. Mas eles não vão ouvir “because their minds are made up”. Aí dá pra gente sacar que essa crise raivosa transposta na introdução está sendo sofrida pelo eu-lírico, que, por algum motivo, não quer o romance alheio. Essa música aqui já arrancou de mim muitas lágrimas. É daquelas que quando estamos desestabilizados emocionalmente nos afoga ainda mais, arruína. Por isso que eu gosto é do estrago.

Mardy Bum – ok, eu admito, sou apaixonada por essas introduções emocionantes do arctic, todas as músicas que tem uma mais requintada eu me derreto. Essa é outra. Mas gosto dela bastante pela letra, que não sei porquê, talvez eu seja meio mardy bum rs. Aqui é retratado o desespero de um cara que mantém um relacionamento com uma garota mimadinha, que fica exigindo muito, irritando-se fácil, mas que, apesar de tudo, é uma graçinha e em alguns momentos mais gays, fazendo brincadeiras e promovendo abraços na cozinha. É a mais simples e a mais fofa s2.